terça-feira, 26 de setembro de 2017

“Ser Ogã Não é uma Questão de Escolha, Muito Mais Que um Cargo, é algo Sagrado. Uma Dádiva dos Orixás.”

O uso do couro de ABUKO nos atabaques
Um ditado ioruba diz:"Nunca duvide do que os búzios dizem, o jogo não erra, quem erra é o ser humano".
Certo dia alguns amigos de Orùnmíla - Babá Ifá - procuravam um animal que gritasse o suficiente para ser utilizado na comunicação entre aldeias e Povos. Eles foram até a casa do babalawô amigo se aconselhar e, após abrir o jogo, Ifá disse:
- Eu tenho a solução. O animal que vocês procuram é o ABUKO.
E ainda reiterou:
- Ele berrará ainda mais depois de morto do que vivo!
Os visitantes ficaram incrédulos, começaram a rir e exclamaram:
- Meu amigo, você não e mais o mesmo...
Neste instante Esú, que tudo vê e assiste, o responsável pelas quedas dos búzios e pelas respostas do jogo, decidiu entrar em ação. E o babalawô, ouvindo sua mensagem, se levantou e trouxe um ABUKO que pastava no quintal atrás de sua casa. Em seguida pediu que seus amigos pegassem algumas varas que estavam atrás da porta e batessem no animal até matá-lo, pois iria dar um banquete.
Os amigos de Orúnmìla bateram no ABUKO... e bateram tanto que o animal começou a berrar. E eles puseram-se novamente a rir sem parar, falando que com aqueles gritos jamais conseguiriam fazer o que precisavam.
Em seguida, de forma astuta, Esú tirou calmamente o couro do ABUKO, passou EPO PUPA, aliás as oferendas a Esú leva azeite de dendê, e deixou o couro secar ao sol, enquanto os convidados se fartavam com a carne de cabrito refogada no EPO e ATARE, acompanhada de Aluá, Acaçá, Acarajé e outras iguarias.
Os amigos de Orúnmìla, após terem comido muito, se puseram a descansar e, por fim, dormiram. Enquanto isso, Esú esticou calmamente o couro seco do ABUKO sobre um pilão de madeira, pegou uma vara e se pôs a tocar.
Os visitantes que ali ainda descansavam acordaram com o barulho e perguntaram assustados o que seria aquilo: A cada ritmo tocado por Esú apareciam mais e mais pessoas de todos os lados, vindo de todas as aldeias. Então, o babalawo respondeu:
- Eu não disse que o animal que faria mais barulho seria o ABUKO, e que faria ainda mais barulho depois de morto!? Aí está... ele agora fala tão, ou mais alto, que quando ainda estava vivo.
E assim, por punição aos que duvidaram das palavras de Orúmìla, Babá Ifá, ficou estipulado que os atabaques sagrados, sejam eles quais forem, usem o couro de ABUKO.

Baseado em: “O por que do uso do COURO DE CABRITO nos atabaques”, de Oloje Ikú Iké Obárainan (15/11/2014)

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